segunda-feira, 13 de julho de 2015

One Direction pelo clima





Agora sim, a questão das mudanças climáticas vai conquistar as multidões. Furacões, enchentes, ondas de calor e de frio. O maior registro desses fenômenos climáticos extremos já fez seu papel. Mas agora temos outro fenômeno pressionando os líderes mundiais por um acordo para combater as mudanças climáticas: o grupo One Direction.

Cadê o dinheiro?

Começou nesta segunda-feira(13/07), em Adis Abeba, capital da Etiópia, a Terceira Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, promovido pela ONU(Organização das Nações Unidas). Trata-se de um momento importante nas negociações internacionais sobre o financiamento do desenvolvimento sustentável. Resumindo: os países ricos conseguiram desenvolver sua economia explorando sem limites os recursos naturais e, por isso, têm mais responsabilidade por questões como mudanças climáticas e perda da biodiversidade; logo, como os países mais pobres precisam encontrar novas maneiras de se desenvolver sem provocar esses mesmos problemas, essa busca deve ser financiada pelos países ricos.
Parece óbvio e nos discursos e textos oficiais todos parecem concordar com esse princípio. No entanto, todas as promessas feitas até agora não se transformaram em realidade e pouco se avançou até na discussão de uma possível implementação dessas promessas. Na Conferência das Partes do Clima em Copenhague(COP 15), em 2009, por exemplo, os países ricos assumiram o compromisso de destinar 100 bilhões de dólares por ano para a luta contra o aquecimento global a partir de 2020. Uma das questões-chave em qualquer projeto de desenvolvimento sustentável. Desde então, pouco se caminhou para definir como esse dinheiro será aportado. A crise econômica internacional, claro, tem um papel evidente nessa questão mal resolvida. Ao mesmo tempo, do lado político, a constatação pelas pessoas(eleitores) da urgência dos problemas ecológicos coloca pressão sobre os líderes mundiais para que, ao menos no discurso, o projeto de busca de um desenvolvimento sustentável não seja abandonado. Resta torcer para que o ensaio de recuperação da economia americana e a mudança no padrão de desenvolvimento chinês ajudem a reverter o impasse prático que tem ocorrido nessa questão do financiamento para o desenvolvimento.

Para quem quiser acompanhar o evento, grande parte da programação será transmitida ao vivo  pela ONU.

E para uma rápida apresentação do evento, um vídeo oficial, com a participação de líderes mundiais, inclusive o brasileiro Roberto Azêvedo, presidente da Organização Mundial do Comércio(OMC):


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Richard Sennett - Juntos

O objetivo desse post é, basicamente, indicar a leitura de um livro que ainda não li. Trata-se de "Juntos - Os rituais, os prazeres e a política da cooperação", do sociólogo estadunidense Richard Sennett. É o segundo livro de uma trilogia que ele batizou de Homo Faber. Li o primeiro livro, "O Artífice", que é brilhante. Não vejo a hora de ler o segundo. Há uma entrevista dele para o programa Milênio, com o jornalista Lucas Mendes, em que explica a idéia e a proposta da trilogia e a razão da escolha do nome. Está reproduzida no site Consultor Jurídico, neste link: http://www.conjur.com.br/2012-set-14/ideias-milenio-richard-sennet-sociologo-professor-oxford . A entrevista, em si, já é um primor. Copio abaixo um dos melhores trechos, para que entendam porque o considero um dos pensadores mais interessantes da atualidade:
Lucas Mendes — O senhor disse que passou os últimos 15 ou 16 anos estudando o capitalismo moderno. Richard Sennett — Isso. Que bom que você fez essa pergunta! Lucas Mendes — Por que ele é pior do que o antigo capitalismo? Richard Sennett — Não é pior, ele é diferente. Lucas Mendes — Diferente como? Richard Sennett — Por muitas razões. Ele é mais global, obviamente, mas, na estrutura temporal deste capitalismo, o tempo tem uma configuração totalmente diferente da anterior. As empresas para as quais as pessoas trabalham são mais instáveis, elas não têm uma identidade corporativa, que precisa ser construída ao longo do tempo. O trabalho que as pessoas fazem é de curtíssimo prazo, e a relação entre os funcionários e a empresa é muito fraca, os laços que os unem são muito frágeis, de ambos os lados. É o substituto do que costumávamos chamar de “capitalismo social”... O capitalismo social era algo muito mais fluido e muito mais individualizado para o trabalhador. Nós começamos esta conversa falando da desigualdade. A desigualdade lucra com esse capitalismo de curto prazo. É como os investimentos atuam hoje em dia: é o retorno de curto prazo, em vez do lucro de longo prazo. É uma maneira de não se responsabilizar pelo futuro de nada. Então as pessoas estão vivenciando um mundo do trabalho muito mais fragmentado do que o dos nossos pais ou avós. E isso transformou as relações entre as classes sociais. Os conflitos sociais não são mais o que eram nos EUA ou no Reino Unido em meados do século 20, quando um corpo de trabalhadores lutava contra a classe empresarial para defender seus interesses. Esse corpo de trabalhadores está sempre mudando. A própria classe empresarial está mudando e desaparecendo o tempo todo. As próprias empresas são uma rede de componentes, uma espécie de arquipélago de atividades podemos dizer, em vez de algo inteiro. Não há nada contra o qual se possa lutar. Então, o que acontece nessa condição é que as pessoas que se beneficiam com isso são aquelas que estão no topo da estrutura, a elite. E, abaixo delas, temos estagnação. Estagnação com relação aos salários e à riqueza das pessoas, além de uma estagnação social em que as pessoas não criam laços no trabalho, não se conectam com outros trabalhadores, em que a consciência diminui... Como nós dois somos bons marxistas, queremos a luta de classes. Lucas Mendes — Você é socialista... Richard Sennett — Você entende o que eu digo. O capitalismo passou por uma enorme mudança nos últimos 25 anos, a maior transformação desde a Primeira Revolução Industrial. Mas eu sou socialista. Lucas Mendes — O que é ser socialista hoje? O que vocês fazem? Richard Sennett — Nos reunimos em porões escuros, fumamos muitos cigarros... Lucas Mendes — Que tipo de conspiração? Richard Sennett — Nós conspiramos. Bem... Vou lhe dar uma resposta séria sobre o que é esse livro sobre cooperação. Porque é, na verdade, um livro político. Eu acho que nós temos... Vou responder da seguinte maneira. No início do século 20, havia uma grande divisão no socialismo europeu entre o que chamávamos de esquerda social e esquerda política. A esquerda social eram organizações comunitárias, bancos locais, que trabalhavam de baixo para cima. A esquerda política — e isso era antes de Lênin — funcionava de cima par baixo: grandes sindicatos, partidos políticos formais, esse tipo de diretrizes que as massas seguiam. Durante a maior parte do século 20 — pelo bem e principalmente mal —, a esquerda política foi dominante. Era uma estrutura que mobilizava o poder burocrático de cima para baixo, em nome da justiça. Agora, acho que, hoje, dada a natureza do capitalismo, o que nós, da esquerda, devemos fazer é reconstruir o social de baixo para cima. E eu me interesso por essa forma complexa de cooperação porque, quando as pessoas desenvolvem habilidades, elas conseguem cruzar, nas comunidades ou nas cidades, esses limites de classe, raça etc., para começar a cooperar umas com as outras. Os políticos sempre me enojam. É uma espécie de sedução ou moralização em nome do povo de que eu não gosto. Esse é um preconceito meu, uma cegueira minha, mas eu realmente acho que nós, da esquerda, precisamos construir instituições de baixo para cima.
Obs.: Em pesquisa de preços no site Buscapé achei hoje, 3 de outubro de 2012, por R$ 34,11, no site do Extra.

domingo, 6 de junho de 2010

Sintomático

Como fiquei muito tempo sem escrever no blog, só percebi depois de ter publicado. Mas o último post foi o segundo em que elogio Bresser-Pereira. Juro que não é campanha! Mesmo porque, que eu saiba, ele não é candidato a nada. E, além disso, tem um currículo que dispensa meus comentários elogiosos.
Na verdade, pra mim essa repetição é uma demonstração de quanto está me incomodando esse clima de falta de discussões de propostas e esse mergulho no vazio da atual campanha política. De um lado, se discute quem seria o responsável pela tentativa de montagem de uma equipe para preparação de um eventual dossiê! Do outro, o candidato se pega numa discussão sobre as políticas adotadas pela Bolívia! Quando serão apresentados os projetos e propostas? Bem, a esperança é que depois da Copa do Mundo se leve a campanha a sério...